Maria Berenice Dias
Ocupa a cadeira 37 da Academia Literária Feminina do RS.
Advogada especializada em Direito Homoafetivo, Famílias e Sucessões
Desembargadora aposentada do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul
Pós-graduada e Mestre em Processo Civil
Vice-Presidente Nacional do IBDFAM
Historicamente sempre se afirmou que:
… a mulher saiu da costela de um homem;
… o casamento é o seu único destino;
… o atributo que mais a qualifica é a virgindade!
A mulher ainda é rotulada de sexo frágil – talvez porque tenha menos força física, porque sangre mensalmente – e, assim, precisa ter alguém que a proteja, que a cuide.
Já na maternidade furam suas orelhas, colocam em sua cabecinha adereços de Carmem Miranda e a enfeitam com laços, fitas e babados.
Vestem elas, da cabeça aos pés, de cor-de-rosa e a enchem de purpurina.
Só se exalta sua beleza, doçura e suavidade.
São chamadas de princesas à espera de um príncipe encantado.
Isto tudo porque precisam encontrar alguém que as conduza ao único sonho que lhes é permitido sonhar: o casamento.
Quando serão felizes para sempre, até que a morte os separe.
Afinal, é assim que terminam os contos de fada e os filmes açucarados de Hollywood.
Como a maternidade é sua missão mais sublime, sua razão de existir, seus brinquedos são bonecas, panelinhas, casinha. Nada mais do que adestramento para serem puras, recatadas e do lar.
Para todas estas crenças – ou melhor, crendices – só existe uma resposta:
Não, não e não!
Só que é difícil abandonar as tantas inverdades que nos são incutidas, desde sempre, como único caminho a percorrer.
Mas está na hora de encarar de frente a realidade dos dias de hoje.
As mulheres ocupam a maioria dos bancos escolares e as vagas das universidades. Ou seja, têm todas as condições de estarem em todos os lugares, de desempenharem toda e qualquer função.
Mas não ocupam um por cento dos postos de poder, nem na administração pública e nem nas empresas privadas.
Ora, esta realidade precisa ser mudada, e agora. É urgente.
Data do artigo: 09/08/2023