Com quanto orgulho os homens diziam isso. A prova de que atenderiam o encargo que historicamente lhes foi atribuído por uma sociedade em que sua obrigação era, exclusivamente, assegurar o sustento de sua família.
As mulheres nem questionavam esta imposição. Afinal, tinham sido “adestradas” para casar e assumirem, sozinhas, os deveres de cuidado para com os filhos, da casa e do marido.
Esta divisão de encargos, no entanto, acabou levando à tirania dos homens à escravização das esposas. Como dependiam dele, nada não podiam exigir ou reclamar. Somente precisavam ser puras, recatadas e do lar.
Sem qualquer possibilidade de proverem as próprias necessidades e dos filhos, se quedavam – ou ainda se quedam? – reféns de relacionamentos abusivos.
Claro que toda e qualquer tentativa de dar um fim a este ciclo de violência, esbarra na ameaça de que não ela não tem direito a nada, que não terá como sustentar os filhos.
Esta é a face mais cruel da violência patrimonial, que é usada como arma para os homens continuarem a subjugar suas as mulheres.
Temos que dar um basta a este verdadeiro genocídio feminino.
Maria Berenice Dias
Advogada
Vice Presidente Nacional do IBDFAM
@mberenicedias
Data do artigo: 06/05/2025.
Publicado na Revista IBDFAM, p. 15, Nº 80, edição Abril/Maio, 2025.